Notícias e Eventos

Diferentes setores da indústria discutem aplicação do hidrogênio verde no processo de descarbonização

Green Hydrogen Application Summit fomentou networking e troca de experiências entre empresários da indústria siderúrgica, química, mobilidade e energia

“O hidrogênio verde é o ouro desse ciclo.” Foi com essa declaração que Markus Francke, Diretor do Projeto H2Brasil, abriu o Green Hydrogen Application Summit, que aconteceu na última terça-feira (18) no Rio de Janeiro.

O evento, inédito no Brasil, foi uma realização do projeto H2Brasil e da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio).

Com mais de 150 participantes presenciais e via transmissão online, o evento teve como intuito promover a aproximação entre a oferta e a demanda de hidrogênio verde na indústria, conectando os principais atores do setor para fomentar a cooperação e a troca de experiências.

“Ainda não se fala muito sobre o uso e a aplicação do hidrogênio verde. E é por isso que o tema desse evento é tão importante. Esse uso poderá mudar a indústria e essa mudança é absolutamente necessária. Devido às mudanças climáticas precisamos repensar as produções em todas as indústrias existentes”, frisou Francke.

A opinião foi corroborada por Hanno Erwes, Diretor Executivo da AHK Rio, que destacou o potencial do Brasil como player global neste mercado. “Que o Brasil tem alto potencial na aplicação do hidrogênio verde não é uma novidade. Muitas oportunidades nessa área ainda estão inexploradas. Devido às suas características geográficas e climáticas, o país tem grande potencial para se tornar um dos maiores exportadores do mundo de hidrogênio verde”, afirmou.

A mediação do evento ficou sob a responsabilidade de Ansgar Pinkowski, Gerente de Inovação e Sustentabilidade da AHK Rio, que ressaltou o ineditismo do evento. “Pela primeira vez no Brasil, organizamos uma discussão sobre a aplicação do hidrogênio verde. O nosso objetivo é estimular o networking e desenvolvimento de redes de contatos para que cada vez mais empresa queiram entrar na rota de descarbonização”, disse, complementando que a estimativa é de que o potencial do Brasil para exportação do hidrogênio verde gire em torno de 3 e 5 bilhões de dólares, com um mercado interno até quatro vezes maior.

Destinado à indústria do aço, o primeiro bloco de painéis do evento contou com a participação de Ludmila Nascimento, Gerente de Energia da VALE S.A; e Titus Schaar, Vice-Presidente de Operações da Ternium Brasil.

“Se queremos um mundo com uma economia descarbonizada, precisamos repensar a indústria do aço, que é responsável por cerca de 7 a 9% das emissões de gases do efeito estufa no mundo”, explicou Titus Schaar, compartilhando possibilidades de aplicação que a empresa já visualiza. “Em escala menor, já vemos a oportunidade de usar o CO2 resultante de nossos processos junto com hidrogênio verde para fabricar um combustível azul. Acreditamos que esse modelo hoje já poderia ser feito de forma competitiva no Brasil.”

A Vale também enxerga o hidrogênio verde como o caminho para a descarbonização de suas atividades. “Para nossa meta de 2050, que é net zero, não há outro caminho que não o hidrogênio verde. Nós revisamos nosso roadmap e enxergamos o hidrogênio como uma avenida que a partir de 2030 irá se concretizar”, afirmou Ludmila Nascimento, Gerente de Energia VALE S.A, compartilhando que a empresa já estuda o desenvolvimento de uma planta de hidrogênio verde de 15 MW para pelotização.

Ao longo do evento foram discutidas diferentes rotas de obtenção do hidrogênio. “O Brasil será um importante player na produção global de hidrogênio renovável, tanto pela rota do biometano como da eletrólise. Não acredito que a descarbonização seguirá uma rota ou outra. São jornadas complementares”, afirmou Renata Ferrari, Gerente de Descarbonização da Yara Industrial Solutions, que participou do painel sobre indústria química e de fertilizantes.

Patrícia Ribeiro, Sales Executive da Lufthansa; e Camilo Adas, Presidente do Conselho do SAE Brasil, participaram do bloco de discussão sobre o setor de mobilidade.

Compartilhando suas metas e estratégias para descarbonização, os representantes das empresas foram unânimes ao falar sobre a importância da cooperação para o desenvolvimento de uma nova economia, mais sustentável e limpa. “Se ainda não há mercado, não há concorrência. Já estamos vendo empresas concorrentes se unindo para pesquisar, desenvolver e estabelecerem juntas um mercado”, concluiu Camilo Adas, Presidente do Conselho SAE BRASIL, adicionando: “O hidrogênio verde será parte de uma nova economia e vai interligar os setores como o novo vetor econômico energético. Temos que pensar nossos fornecedores, clientes e produtos. Se hoje temos empresas que dependem do CO2, é preciso planejar política e socialmente como essa transição irá acontecer.”

O último painel do dia, voltado à discussão da aplicação do hidrogênio no setor de energia, contou com palestra de Cayo Moraes, Project Manager Green Hydrogen da EDP. Ele foi enfático ao destacar as muitas razões para investir no vetor energético: “o Brasil já tem um sistema interligado de baixo carbono; uma indústria doméstica com grandes possibilidades de viabilizar o hidrogênio verde; uma demanda internacional com potencial de tirar grandes projetos do papel; uma posição geográfica vantajosa pra alcançar a Europa e a costa leste norte-americana”, dentre outras. O primeiro passo, contudo, envolve ainda o estudo de políticas públicas, leilões, regulações, detalhamento de cenários e o desenvolvimento de modelos de negócios.

Após a manhã de discussões, os convidados do evento participaram de um matchmaking para desenvolvimento de novos negócios relacionados ao mercado de hidrogênio verde.

A gravação das palestras está disponível no YouTube, assista!

Sobre H2Brasil

O H2Brasil é um projeto implementado pela Cooperação Brasil Alemanha pelo Desenvolvimento Sustentável por meio da GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit na sigla em alemão) com recursos do Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ, na sigla em alemão), que, em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME) do Brasil, promove a expansão do mercado de Hidrogênio Verde no Brasil.

Ir para o conteúdo